
Em um estudo tranversal o coordenador do nosso grupo de pesquisa Alessandro Santos, juntamente com os pesquisadores Ricardo Casco e Richard Parker analisaram a diferenças na experiência de 175 jovens de 15 a 25 anos de 03 templos religiosos no que tange à vivência da sexualidade e prevenção ao HIV/AIDS. Os percentuais de respostas entre negros e brancos foram comparados e constatou-se que, independentemente da religião, negros, na comparação com brancos: estudam menos e começam a trabalhar mais cedo, sofrem maior discriminação devido à opção religiosa, recebem menos informação sobre teste do HIV, relatam menor habilidade de usar o preservativo e conhecem mais pessoas vivendo com HIV/AIDS. O pertencimento religioso a uma comunidade, referência importante no processo de socialização, não se mostrou um fator relevante para proteção do direito à prevenção quando os jovens são comparados sob a perspectiva da cor-raça.
Infelizmente, desde o lançamento dessa pesquisa, pouco parece ter se alterado na vulnerabilidade que permeia a vivência de jovens pretos e pardos. Em um artigo de 2018 a Agência de Notícias Aids noticiou que mulheres negras morrem três vezes mais que mulheres brancas em decorrência da aids e que homens negros morrem duas vezes mais que homens brancos. E no novo boletim epidemiológico anual sobre HIV/Aids a informação sobre o avanço da mortalidade de mulheres negras em decorrência da aids é novamente apontada.
Tais informações retificam que apesar dos avanços de tratamento e ampliação dos métodos de prevenção, ainda existe uma vulnerabilidade estrutural que permeia a população preta e parda gerando um contexto me maior vulnerabilidade, sendo urgente que essa realidade seja olhada e transformada.