Defesa de tese: Gustav Gustavovich Shpet (1879-1937) e a Psicologia Étnica na Rússia, por Alina Kaledina Ortega

A doutoranda Alina Kaledina Ortega, fará a desesa de sua tese “Gustavovich Shpet (1879-1937) e a Psicologia Étnica na Rússia” no dia 26 março de 2021 das 14:00 às 18:00. A banca avaliadora será composta pelo orientador Alessandro de Oliveira dos Santos. Gustavo Martinelli Massola (Especialista em psicologia social, psicologia socioambiental, constituição psicossocial da identidade e controle social), Ana Silvia Ariza de Souza (Especialista em psicologia sócio-histórica. Experiência no campo psi com saúde na perspectiva ético-política) Ilana Mountian (Especialista em epistemologia, metodologia, estudos de gênero, estudos pós-coloniais e psicanálise) e Valéria Nanci Silva (Especialista em psicologia social, desigualdade de gêneros; estigma e discriminação).

O resumo da tese de Alina pode ser lido abaixo:

“Situado no campo dos estudos sobre a influência e recepção, no Brasil e nos Estados Unidos da América, da psicologia produzida na Rússia, este trabalho teve como objetivo apresentar as principais ideias de Gustav Gustavovich Shpet (1879-1937) e refletir sobre o surgimento da Psicologia Étnica como abordagem significativa da psicologia produzida na Rússia, bem como acerca da ausência de sua continuidade.

Buscou-se investigar: (a) quais produções intelectuais influenciaram Shpet quando o autor formulou sua proposta de construção da Psicologia Étnica; (b) como Shpet entendia o objetivo e o método da Psicologia Étnica e quais eram os conceitos principais desta área; e (c) se houve diálogo entre as teorias dos psicólogos russos posteriores a Shpet e a proposta formulada por ele. Para isso, tomando como referência os métodos de pesquisa utilizados em estudos de história da psicologia, realizou-se o seguinte procedimento: foram selecionadas obras que influenciaram a produção criativa de Shpet e elaborou-se um resumo destas obras, contendo seus principais conceitos e ideias.

Em seguida, fez-se a tradução do russo para o português da obra “Introdução à Psicologia Étnica”, publicada em 1927 por Shpet, e, a partir dela, desenvolveu-se um resumo contendo os principais conceitos da Psicologia Étnica, seu objetivo e método de investigação.

Por fim, foi efetuada uma revisão bibliográfica tanto a respeito das abordagens da Psicologia Soviética que sofreram influência da Psicologia Étnica e das abordagens da Psicologia Social brasileira que sofreram influência da Psicologia Soviética, quanto em relação aos estudos interculturais e sobre raça-etnia realizados inicialmente pela Psicologia Social brasileira. Seguindo essa metodologia, chegou-se a algumas descobertas: as ideias dos pensadores alemães Wilhelm Wundt, Moritz Lazarus e Heymann Steinthal e suas propostas para construir a Völkerpsychologie (Psicologia dos Povos) foram as principais influências intelectuais de Shpet; o objeto da Psicologia Étnica, para Shpet, é a coletividade como atitude psicológica coletiva em relação à cultura; a Psicologia Étnica é proposta como uma ciência descritiva, cujo método envolve a análise e interpretação de signos; as pesquisas interculturais e étnico-raciais foram interrompidas na Rússia por um longo período, devido a questões políticas, e, por isso, a psicologia da União Soviética não incorporou a Psicologia Étnica. Embora a concepção de Shpet não tenha tido continuação, os principais conceitos propostos pelo autor, como coletividade, tipo coletivo, interação e identificação dialogam coconceitos da Psicologia Social contemporânea, como estereótipo, interação social e identidade.”

A defesa ocorrerá através da plataforma google meets e será aberta ao público.

Afrodescendencias, Justicia Racial y Derechos Humanos

A pós doutoranda Jackeline Aparecida Ferreira Romio, membro do grupo Bem Viver USP, fará parte da coordenação do seminário virtual: Afrodescendencias, Justicia Racial y Derechos Humanos, do Consejo Latinoamericano de Ciências Sociales, que terá início no dia 25/03/2021. As apresentações ocorrerão em português!

O evento contará ainda com a participação de Tarsila Flores (Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura» para FIOCRUZ/Escola Nacional de Saúde Pública), Cidinalva S. C.Neris (Universidade Federal do Maranhão) e Katia Regis (Universidade Federal do Maranhão). Incrições podem ser feitas no link, até o dia 20/03/2021.

USP abre inscrições para disciplinas de pós graduação que discutem racismo, saúde mental, descolonização e demografia

Pesquisadores do Grupo Bem Viver USP ministrarão três discplinas no primeiro semestre de 2021. As disciplinas, com os títulos: A Psicologia Social na Compreensão do Racismo e Saúde Mental; Demografia e Análises Psicossociais; Epistemologias Latino-Americanas e Psicologia da Descolonização, ocorrerão de março à junho, por meio virtual através da plataforma google meets, e abordarão diferentes eixos temáticos do gupo, sendo uma excelente oportunidade para entrar em contato com o campo. Aleḿ disso elas estarão disponíveis tanto para alunos regularmente matriculados na USP quanto para interessados no geral.

Para alunos matriculados na USP as inscrições estarão disponíveis no sistema Janus de 22/02/2021 à 07/03/2021. Já os alunos especiais (não matriculados na USP) deverão: enviar Currículo com no máximo 2 (duas) páginas e Carta justificando o interesse para o e-mail ccppsicologiasocial@usp.br até 30 de janeiro de 2021. A seguir seguem as propostas pedagógicas das disciplinas.

A Psicologia Social na Compreensão do Racismo e Saúde Mental: A disciplina tem por objetivo apresentar aportes teóricos e metodológicos da psicologia social com vistas à compreensão do racismo e seus efeitos sobre a saúde mental de pessoas e grupos racializados. Tomando em consideração estudos teóricos e empíricos pretende oferecer subsídios para pesquisas voltadas à investigação da construção sociocultural das diferenças e desigualdades, mitigação do racismo e promoção da igualdade étnico-racial, saiba mais aqui.

Demografia e Análises Psicossociais: O curso irá atentar aos conceitos e técnicas do campo da demografia em sua interface e aplicabilidade à pesquisa de fenômenos psicossociais. Oferecerá ferramentas para a condução de análises e interpretações sobre as populações humanas com base em estudos de caso e exercícios práticos, saiba mais aqui.

Epistemologias Latino-Americanas e Psicologia da Descolonização: A disciplina tem por objetivo apresentar as matrizes epistemológicas do pensamento social crítico latinoamericano. Pretende ainda, constituir-se em espaço de estudos, pesquisas e debates favoráveis à constituição de uma psicologia da descolonização na América Latina, saiba mais aqui.

Esperamos vocês lá!

Jovens religiosos negros e brancos: sexualidade e prevenção ao HIV/Aids

Em um estudo tranversal o coordenador do nosso grupo de pesquisa Alessandro Santos, juntamente com os pesquisadores Ricardo Casco e Richard Parker analisaram a diferenças na experiência de 175 jovens de 15 a 25 anos de 03 templos religiosos no que tange à vivência da sexualidade e prevenção ao HIV/AIDS. Os percentuais de respostas entre negros e brancos foram comparados e constatou-se que, independentemente da religião, negros, na comparação com brancos: estudam menos e começam a trabalhar mais cedo, sofrem maior discriminação devido à opção religiosa, recebem menos informação sobre teste do HIV, relatam menor habilidade de usar o preservativo e conhecem mais pessoas vivendo com HIV/AIDS. O pertencimento religioso a uma comunidade, referência importante no processo de socialização, não se mostrou um fator relevante para proteção do direito à prevenção quando os jovens são comparados sob a perspectiva da cor-raça.

Infelizmente, desde o lançamento dessa pesquisa, pouco parece ter se alterado na vulnerabilidade que permeia a vivência de jovens pretos e pardos. Em um artigo de 2018 a Agência de Notícias Aids noticiou que mulheres negras morrem três vezes mais que mulheres brancas em decorrência da aids e que homens negros morrem duas vezes mais que homens brancos. E no novo boletim epidemiológico anual sobre HIV/Aids a informação sobre o avanço da mortalidade de mulheres negras em decorrência da aids é novamente apontada.

Tais informações retificam que apesar dos avanços de tratamento e ampliação dos métodos de prevenção, ainda existe uma vulnerabilidade estrutural que permeia a população preta e parda gerando um contexto me maior vulnerabilidade, sendo urgente que essa realidade seja olhada e transformada.