O artigo “Esporte, Psicologia e Racismo: É Possível uma Psicologia do Esporte Antirracista?” assinado pelo Dr. Marcio Antonio Tralci Filho e seu orientador Alessandro de Oliveira Santos foi publicado no vol. 40 da revista “Psicologia: Ciência e Profissão” e discute as interseções entre os eixos temáticos esporte, psicologia e relações raciais.
Esse artigo é fruto da tese de doutorado de Tralci, formado em educação física, ele conta que sempre se interessou pelos aspectos socioculturais que envolvem o fenômeno esportivo, o que o levou a pesquisar especificamente os aspectos étnicos-raciais da temática.
De acordo com o artigo, a construção histórica ocidental do esporte caracterizou-se como ferramenta de construção da estética e da masculinidade da Elite burguesa e como construção do ideal de dominação colonizador europeu no século XIX. Isso em detrimento dos jogos corporais presentes nos nativos americanos, africanos e asiáticos, cujas práticas eram categorizadas como menos valorosas e, consequentemente, não esportivas.
Em nossa entrevista Tralci descreve a dificuldade em encontrar materiais em língua portuguesa que abordassem o olhar sociocultural sobre negritude e racismo no esporte, encontrando majoritariamente artigos com enfoques fisiológicos. A exemplo desta dificuldade ele menciona o livro Beyond a Boundary (1963) do autor caribenho C.L.R James. O livro foi referência em seu trabalho, mas teve de ser usado em inglês, pois nunca foi publicado em português.
No decorrer do artigo ele segue então para seu principal objetivo: compreender os limites e possibilidades da Psicologia do Esporte frente ao racismo estrutural no ambiente e nas relações esportivas. Para isso, a pesquisa foi composta por oito entrevistas realizadas com quatro psicólogos e quatro psicólogas com experiência na Psicologia do Esporte, analisando, através da Teoria Crítica de Raça, narrativas sobre a atuação desses profissionais.
Durante a entrevista, Tralci relatou que a pesquisa mostrou algumas estratégias utilizadas pelos Psicólogos do Esporte para atuarem de modo mais integral e considerando o contexto social, em uma indústria que os pressiona a buscar dos atletas exclusivamente uma performance de alto rendimento, ainda que alheia ao sujeito.
O artigo completo pode ser acessado através do link.